sábado, 8 de novembro de 2008

Doencas infecto contagiosas

Protozoários Infecto-Contagiosos de Água Doce
A influência de protozoos na saúde dos peixes é largamente conhecida pela comunidade aquariófila, no entanto é difícil ao aquariófilo amador tentar fazer o diagnóstico correcto de que espécie se trata e qual o melhor tratamento que se deve aplicar. Assim, este texto pretende ser uma ajuda a todos aqueles que ambicionam conhecer e tratar convenientemente seus peixes.
Os protozoos são organismos unicelulares, chamados também de animais primitivos. Estes apresentam características que demonstram a sua adaptibilidade ao meio, como por exemplo os fitoflagelados que contêm clorofila, parte integrante do mundo vegetal e não animal como sabemos. Reproduzem-se sexual ou assexualmente, podem deslocar-se no meio seja por flagelos, seja por cílios ou até por projecções do próprio citoplasma (pseudópodos). Assim não devemos nunca pôr em causa a capacidade que estes pequenos seres têm de infectar os peixes. São em grande parte oportunistas, que esperam um peixe com imunidade baixa, devido a stress ou a más condições da água. Sabendo isto, à partida somos nós mesmos o primeiro tratamento preventivo do nosso aquário, mantendo-o sempre em condições de higiene apropriadas, evitando assim a propagação de qualquer tipo de protozoos.
Os protozoos dividem-se em 5 grupos:
• Os cíliados (Ciliophora), caracterizados por apresentarem cílios e núcleos de duas classes.
• Os flagelados (Mastigophora), têm flagelos em alguma fase do seu ciclo de vida.
• Os apicomplexos, endoparasitas que têm um ciclo de vida complexo com emissão de esporas.
• Os microesporidios (microsphora).
• Os myxosporidios, diferenciam-se dos anteriores por terem 2 células infectantes em cada espora.
Segue-se agora uma lista dos principais agentes contagiosos, seus sintomas e respectivo tratamento.
Nome comum: Doença do ponto branco
- Agente: Icthyopthirius multifilis
- Ciclo biológico: Este protozoo tem 3 fases no ciclo, a parasitária em que se mantém entre a epiderme e a derme do peixe, saindo apenas quando está sexualmente maduro (trofonte). A fase quística, livre, em que se subdivide em vários quistos. E finalmente a dispersiva, em que se abre o quisto e liberta centenas de formas infectantes, as tomites. Estas com tamanho reduzido (40 microns) movimentam-se no meio através de movimentos ciliares procurando um hóspede, têm um tempo aproximado de vida de 50 horas.
- Sintomas: Como mecanismo de defesa do peixe, o protozoo é envolvido numa massa celular, sendo visto a olho nu como pequenos pontos brancos de 1 mm aproximadamente. Se chegar ao epitélio branqueal apresentam também dificuldades em respirar.
- Tratamento: Vários são os tratamentos eficazes contra o Ictio. No entanto, a fim de não intervir no ciclo do nitrogénio de seu aquário, o aumento de temperatura (31°C), durante a fase dispersiva é a forma mais “natural” de acabar com a doença, já que as tomites não toleram esta temperatura. Este tratamento deve ser feito durante uma semana, a fim de libertar também os núcleos da forma parasitária. No caso de não poder usar a temperatura, são eficazes o Formol, o cloreto de sódio e o azul de metileno.
Nome comum: Oodinose
- Agente: Fitoflagelado Piscinoodinium
- Ciclo: diferenciando-se do seu “primo” de água salgada por ter cloroplastos, que lhe permitem usar a luz como fonte de energia, este apresenta 3 fases como o Ictio. Na fase dispersiva são libertadas dinoesporas que por meio de movimentos flagelares procuram o hóspede. Estes protozoos localizam-se na pele, na camada subepiteliais, embora colonizem outras zonas como as brânquias.
- Sintomas: aparecimento de nódulos na pele “aveludados”, possível dificuldade respiratória.
- Tratamento: O permanganato de potássio, o verde de malaquite e o azul de metileno são eficazes contra este flagelado.
Nome comum: Costíase
- Agente: flagelados do género Ichthyobodo (das várias espécies destes protozoários bi-flagelados a mais comum é a I. necatrix).
- Ciclo: É dos mais simples entre os protozoários, pois coloniza a pele do hóspede com os seus flagelos e se as condições forem boas dividem-se por bipartição, movimenta-se na água e é assim que se transmite a outros peixes. Em caso de condições adversas podem permanecer enquistadas na pele do peixe ou até na água. É sem dúvida o ectoparasita mais comum de água doce.
- Sintomas: enturvamento da pele
- Tratamento: São mais eficazes os banhos com formalina e permanganato de potássio, podendo também usar os mencionados acima.

Nenhum comentário: